terça-feira, 28 de junho de 2011

Mauricio de Sousa em minha vida

Quem me conhece sabe o quanto eu admiro alguns escritores, entre eles Paulo Coelho, Carlos Drummond de Andrade e Mauricio de Sousa entre outros... Mas não vim falar sobre isso e sim vim mostrar um lado do Mauricio em minha vida, que assim como o Paulo Coelho, vem fazendo parte da minha vida desde a infância até hoje em dia, mas logo postarei sobre esse assunto, aqui venho apenas dividir com vocês uma crônica do Mauricio, pra que vocês possam conhecer quem é ele, o homem dos desenhos que deu vida a minha infância e ainda hoje eu o sigo... Meu pai, se vivo estivesse... estaria feliz... ele sabia.


Eu posso!

Ah, esta certeza instigante do fim.
Do nada, ou do tudo.
Mas simplesmente e certamente do desconhecido.

Olhamos para o lado, para o tempo passando, e não vemos mais os amigos chegados.
Vamos perdendo as referências vivas.
Vamos nos perguntando quando será a vez?
Como numa loteria de pedras marcadas. Onde seu número está misturado, mas prontinho para surpreender.

E o depois?
Temos que nos preocupar com isso?
Ou nossa ausência será o castigo para os que ficarem?

Ou prêmio?
Afinal, deixaremos vazios de oportunidades.
Não ocuparemos mais espaços em hierarquia, no mando, na eventual autoridade...

Mas... Eu queria tanto ficar mais um pouco.
E mais um pouco do que mais.
Tanta coisa não vivida.
Mas contada, cantada e desejada.

Se possível com asas, guelras e garras.

Voaria sobre campos, mares e cordilheiras,
Mergulharia nas maravilhas das profundezas,

Me agarraria às rochas, picos e gretas...


Me embrenharia no torvelinho das cidades,
Me emocionaria com sua gente,

Me apoiaria nas suas esperanças...

Abriria os olhos do coração para a beleza,
Cobriria meu amor com tantos beijos...
E não esqueceria da outra metade de nossa alma.

Afagaria pelo, pele, cascos e escamas,
Daria de comer a filhotes esfaimados,
Libertaria todos os enjaulados...

Nas crianças eu gastaria mais de tudo.
Bebendo dos seus olhares ingênuos
A esperança da vida renovada.

Companheiro, pai, irmão,
Mãe se preciso...
Mas junto, presente, de mãos dadas.

Respeitaria meu corpo

Me afastaria das agressões...
Me preservaria para mais um dia, que fosse, de amor a terra.

Procuraria meu Deus com mais empenho,
Toleraria minhas dúvidas sobre seu paradeiro,

Me deitaria na certeza de sua companhia...

Ah, se eu pudesse...
Mas eu posso!
Se estou aqui.

Mauricio de Sousa
11.03.2004

Um comentário:

marinez gentil frada disse...

Uma busca. Uma busca do espiritual. Sim, uma busca de Deus que dá sentido à vida. Essa busca que faz brotar o texto poético. Sim, o nosso tempo acabará com certeza. E esse fim nos faz querer viver com mais intensidade. Mas será mesmo o fim?