sábado, 7 de junho de 2008

Detalhes, Diálogo com o espírito Sören Kierkegaard



Detalhes
Diálogo com o espírito Sören Kierkegaard

“A nossa mente é como um oceano, pouco explorado, pouco navegado na sua imensidão...” e é explorando sua mente que a autora revela detalhes de sua terapia de regressão a vidas passadas.
Em detalhes sonhos, visões e projeções, de forma subjetiva que leva ao leitor a vivenciar suas experiências resultando em uma reflexão profunda do existir, do ser interiormente, desvendando o passado e revelando como e porque agimos no aqui e agora, resgatando e ampliando ainda mais a compreensão de amor incondicional em um diálogo com o espírito de um teólogo e filósofo dinamarquês do século XIX, e desse diálogo se extrai que a verdade é subjetiva e que o realmente importante, é a verdade pessoal, o ser, o existir e o experimentar verdadeiramente sua existência, um diálogo em que ele conclui “Você não vai encontrar a verdade, você vai se tornar a verdade... a verdade é ser e não estar...”.

Sônia Vianna Landeo

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um pequeno trecho... XXX


Eu costumo dizer que há dois caminhos que nos levam direto a Deus, a dor ou o amor, ou mesmo ambos, a dor do amor e por mais que se revolte, é a Deus que nos dirigimos com nossos apelos e desesperos, e mesmo aquele mais descrente, se revela submisso a Deus confiante na esperança do alívio de seus tormentos, é a Deus que dirigimos nossas súplicas e é em Deus que absolvemos aos nossos pecados pelo perdão, e assim compreendemos a fé, e com Agostinho e com sua “Amante” seguiu-se neste mesmo caminho, porém cada um em caminhos diferentes, e até aparentemente opostos, porém paralelos e Deus seria o alívio de seus medos e tormentos.


“Louvor e gloria a ti, ó fonte das misericórdias!”
(Agostinho, Confissões, livro sexto, capítulo XV – Pág. 138)



E cada vez mais se sentindo indigno, miserável, porém capaz de sentir uma mudança em seu íntimo, como se fosse arrancado (pela mensageira de Deus a que ele se refere como destra) do lodo dos vícios para se purificar. E mesmo já percebendo essa luz de purificação, mesmo assim não se sentia capaz de sair do seu abismo de prazeres carnais e culpas. Em seu íntimo a infinita luta entre o bem e o mal.


“Ó caminhos tortuosos! Ai da alma temente que se afastando de ti, espera achar algo melhor! Dá voltas e mais voltas, para todos os lados, mas tudo lhe é duro, porque só Tu és seu descanso.”
(Agostinho, Confissões, livro sexto, capítulo XVI – Pág. 139)



Sônia Vianna Landeo

domingo, 1 de junho de 2008

SOBRE A DOR




Sobre a dor



Quando eu era pequena e sentia dores nas pernas e por vezes nos braços, minha mãe dizia feliz:

- Parabéns! Você está crescendo!

E conversávamos a respeito dessa dor. Ela justificava que eram os ossos crescendo e isso doía, era normal. Bom, não tenho mesmo como negar, as dores são normais; são efeitos de alguma causa, e mesmo sendo efeitos, são causas também, ou melhor, até mesmo os efeitos são causas para outros efeitos. E assim vamos - como dizia a minha mãe - crescendo.

O efeito de uma dor sempre é o crescimento, porém não necessariamente dos ossos; afinal, não somos apenas matéria.


O que quero dizer com essa historinha de criança é que não há dor sem crescimento, e o mesmo acontece com o espírito. As dores emocionais sempre nos fazem crescer espiritualmente, mesmo que com ela não consigamos enxergar o crescimento. Mas isso também não significa que devemos sair por aí batendo com a cabeça só para sentirmos dor, não! Refiro-me à dor natural, efeito de uma causa que justifique a dor, como uma perda, uma separação, uma reparação... Sim! reparação: por vezes sentimos dor ao repararmos um erro - dor do ego, orgulho, o que for e o efeito será certamente o crescimento. E podemos inclusive dizer também o renascimento, o nascimento, como na dor do parto, por exemplo. Quais os efeitos da dor do parto? Inúmeros, tantos e o principal talvez seja o nascimento de outro ser em crescimento; além do renascimento de um ser - a mãe - que renasce de mulher como mãe, um novo ser espiritualmente, e sem dúvida, ambos em crescimento.

Sônia Vianna Landeo



DO ALTO DOS MONTES






Do alto dos montes


Oh! Meio dia da vida! Época solene!
Oh! jardim de estio!
Beatitude inquieta
da ansiedade na espera:
espero meus amigos,
noite e dia,
onde estais, amigos meus?
Vinde! É tempo, é tempo!


Nã0 é por vós que o gelo cinzento
hoje se adorna com rosas?
A vós procura o rio,
Suspensos nos céus ventos e nuvens se alevantam
para observar vossa chegada
competindo com o mais sublime vôo dos pássaros.


No meu santuário coloquei a mesa:
Quem vive mais próximo das estrelas
e das horríveis profundezas do abismo?
Que reino mais extenso que o meu?
E do mel, daquele que é meu, que sentiu seu fino aroma?


Aqui estais, finalmente, meus amigos!
Ai! não é a mim que procurais?
Hesitais, mostrais surpresa?
Insultai-me é melhor! Eu não sou mais eu?
Mudei de mão, de rosto, de andar?
O que eu era, amigos, acaso não mais sou?


Tornei-me, talvez, outro?
Estranho a mim mesmo? De mim mesmo, fugido?
Lutador que muitas vezes venceu a si mesmo?
Que muitas vezes lutou contra a própria força,
ferido, paralisado pelas vitórias contra si mesmo?


Porventura não procurei os mais ásperos ventos
e aprendi a viver onde ninguém habita,
nos desertos onde impera o urso polar?
Não esqueci a Deus e ao homem, blasfêmias e orações?
Tornei-me um fantasma das geleiras.


Oh! meus velhos amigos, vossos rostos
empalidecem de imediato,
transtornados de ternura e espanto!
Andai, sem rancor! Não podeis demorar aqui!
Não é para vós este pais de geleiras e rochas!
Aqui é preciso ser caçador e antílope!


Converti-me em caçador cruel.
Vede meu arco: a tensão de sua corda!
Apenas o mais forte poderá arremessar tal dardo.
Mas não há nenhuma seta mortal como esta.
Afastai-vos, se tendes amor à vossa vida!


Fugis de mim!? Oh, coração, quanto sofreste!
E entretanto, tua esperança ainda se mantém firme!
Abre tuas portas a novos amigos,
renuncia aos antigos e às lembranças!
Fostes jovem? - Pois agora és mais e com mais brio.


Quem pode decifrar os signos apagados,
do laço que une com ua mesma esperança?
Signos que em outros tempos escreveu o amor,
que luzem como velho pergaminho queimado
que se teme tocar, como ele. Queimado e enegrecido!


Basta de amigos! Como chamá-los?
Fantasmas de amigos! Que de noite,
tentam ainda meu coração e minha janela
e me olham sussurrando:
Somos nós!
Oh! Ressequidas palavras, um dia fragrantes como rosas!


Sonhos juvenis tão cheios de ilusão,
aos quais buscava no impulso de minhalma,
agora os vejo envelhecidos!
Apenas os que sabem mudar são os de minha linhagem.


Oh! Meio dia da vida! Oh! segunda juventude!
Oh! jardim de estio!
Beatitude inquieta na ansiedade da espera!
Os amigos esperam, dia e noite, os novos amigos.
Vinde! É tempo! É tempo!


O hino antigo cessou de soar,
O doce grito do desejo expira em meus lábios.
Na hora fatídica apareceu um encantador,
o amigo do pleno meio-dia.
Não, não me pergunteis quem é;
ao meio-dia, o que era um,
dividiu-se em dois.


Celebremos, seguros de ua mesma vitória,
a festa das festas!
Zaratustra está alai, o amigo,
o hóspede dos hóspedes!
O mundo ri, o odioso véu cai,
E eis que a luz se casa Com a misteriosa,
subjugadora Noite.

Friedrich Nietzsche

A UM AUSENTE



A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudades,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral,
a comum aquiescência de viver
e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderia ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação,
o ato em si, o ato que não ousamos
nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos,
nem isso,
voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te
porque fizeste o não previsto nas leis da amizade
e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito
de indagar porque o fizeste,
porque te foste.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Escrever poeticamente

Escrever poeticamente...

E o que é morrer?
É deixar o corpo, ser livre, voar,
É poder estar, poder sentir,
É viver, é seguir,
Ter o coração como guia,
Deus como amigo
E o que mais importa?
A verdade importa,
Qual minha condição agora?
O que eu devo fazer?
Não há fundamento,
Apenas o amor,
Envergonho-me por amar,
Amar é tolo, é fraco,
Se covarde, foi por proteger,
Se ousado, foi pra encorajar,
Viver só, estar com Deus, ter fé e amar,
Não permitir a hipocrisia,
Não permitir a dor da perda da felicidade,
Não saberia ser feliz,
Não seria grato o bastante,
Não seria digno, merecedor,
Não seria justo sofrer por amor
E, no entanto, sofro,
Sofro sem saber da felicidade,
Sofro por julgar-me e julgo sem perceber,
Vivo o efeito de meus atos,
Vivo as conseqüências de minha enlouqüência,
Vivo minha condição
Ou não vivo nada?


A morte

O cerimonial fúnebre
O enterro do corpo
O cemitério
É como uma fábrica de alimentos,
Empacotamento,
Em um caixão colocamos o corpo,
Organizado, disciplinado,
Como se importasse,
Como se fizesse diferença
Mas, ao enterrar, no fundo
Estamos entregando o corpo
Aos nossos próprios germes,
As nossas próprias pragas
E nos deterioramos pouco a pouco,
Mas não ocupamos que
Transforma em alimento,
É natural,
Assim como é natural a nossa alma
E por que importa o corpo?
Entenda a alma,
Sinta a alma,
É possível, veja seu próprio “eu”
Sem medo,
Seja ousada,
Se tomada por louca?
Saberá que louca é a consciência
De si própria.
Ouse!

Não importa o que os filósofos dizem,
Eles mentem!
Não importa os que os poetas dizem,
Eles mentem!
A ninguém nada importa
A não ser a si mesmo
E não importam em que condições estão,
Se vivos?
De vida, de corpo, de alma, espírito...
Espírito?

Um desespero,
Não tão humano,
Um desespero sem fim,
Uma angústia sem fim,
E até quando?
Se a desejo eternamente,
Se desejo amar eternamente,
Assim deveria ser para todos que amam,
Se amar realmente, é para sempre,
Se me dói, é a condição de amar,
Se me faz sofrer, é o amor das almas,
Se me dói, se me faz sofrer, por que amar?
Por que não deixar de amar?
Por que não sei viver, nem morrer?
Uma visão diferente

É como olhar do alto
Ver o mundo com outra alma
Sentir com outro coração
Pensar com outra mente
Escrever com outra mão
Uma caneta diferente
Um papel diferente
Por um instante me confundo
Não sei de mim
Não sei o ser que se manifesta em mim
Sou corpo, sou alma,
Sou sentimento e pensamento
Sou espírito e vivo
Em busca de uma razão
De uma verdade que justifique
Ousadia?
Pode parecerOrgulho?
Pode ser
Mas se amo, amo pra sempre
E pra sempre vou te amar.

Sônia Vianna Landeo