sábado, 30 de outubro de 2010

Que seja!

Imperfeição é quando não está se observando o que quer que seja por um todo, como um todo.



Continuando então... “O universo conspira ao seu favor” com exatidão atendendo aos seus reais pedidos, até mesmo aqueles pedidos em momentos de distrações, ou de medo, ou de raiva, ou de fome, ou de cede, ou...
Bom falar nesse momento como construímos os desejos inconscientes, ou distraídos, mas também que são desejos e desejos reais, vindos da mente criativa.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

GANHEI CORAGEM


Ganhei Coragem Por Rubem Alves,  colunista da Folha de S. Paulo

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo
que ele realmente conhece",
observou Nietzsche.

É o meu caso.  Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo.

Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega:
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos"..
Tardiamente. Na velhice.   Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será
vencido", é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o
governo do povo.
Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os
programas de TV que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo,
na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.
E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a
perdão. Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.
Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces; a verdade é amarga.
Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.
O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo
queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o
cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem
Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm
consciência. São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas
emoções coletivas.
Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.  O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.
Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,  segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.
Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão.
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens
mais sedutoras.
O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à
coletividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.
Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.
Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.
O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.
O povo, unido, jamais será vencido!
Tenho vários gostos que não são populares.
Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?
Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio;
Não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol.
Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a
brincar de "boca-de-forno",  à semelhança do que aconteceu na China.
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: "Caminhando e cantando e seguindo a canção."
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Feliz aniversário!


Seria hoje... Hoje meu pai faria 74 anos, 27 de outubro de 2010, mas este dia não chegou para ele, não da forma em que estávamos acostumados, lembro do aniversário do ano passado, eu daqui de longe fiz um bolo e soprei a vela com meu filho desejando felicidade, fotografamos e enviamos por e-mail, e nos falamos também por telefone, e por msn... momentos estes que não esqueço jamais. E a saudade permanece, enquanto provocam em mim "crises pensamentais" me distraio com o pensamento de como deve estar sendo o dia de hoje para o meu pai, e comentando com o meu filho que simplesmente falou da possibilidade de ter um bolo enorme lá do outro lado, e por engano menciono vó e logo em seguida vô, e então tendo a certeza da festa lá no céu, se assim devo dizer, pois pra mim é lá no outro plano, em astral, sem tempo, sem dores, sem culpas, sem medos, em luz!

Pai, é meu desejo, LUZ!

sábado, 23 de outubro de 2010

O corpo, o nosso corpo



O corpo, o nosso corpo



Reparou que sempre nos referimos ao corpo como nosso e não como nós? De fato, agimos assim inconscientemente o que já temos a beira da consciência, quase nos revelando mais e mais verdades. Olhe para sua mão e observe, ela é você? Seu pé, ou suas pernas, são você ou são seus? E quando se está em uma situação de perigo ou mesmo quando fazemos uma ligação dizemos quase sempre: “Sou eu” como um pedido de identificação, como se você estivesse dizendo ao outro que se está em perigo, nesse momento não importa quem seja - se em perigo qualquer um socorre a qualquer um em perigo, é um instinto de sobrevivência que é tão ou igual por si mesmo, pelo seu próprio corpo. Isso é o inconsciente divino, da nossa divindade, da consciência adormecida de sermos ímpar, único, Um.
Que seja!

Sônia Vianna Landeo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Por vezes caminhando...

Por vezes as pessoas passam pela nossa vida com talvez um propósito ao qual não entendesse no momento.
Por vezes o propósito existe e com o passar do tempo eis que surge o entendimento.
Por vezes damos tudo por algo, e acabamos descobrindo que o tudo era nada.
Por vezes damos tudo por algo considerado superior, e o tudo que damos era o algo superior
Por vezes amamos loucamente, mas loucura não é amor.
Por vezes nos entregamos ao desconhecido que nos rouba de nós o que mais sagrado existe, o verdadeiro ser.
Por vezes nosso sagrado nos impede de nos entregar e nos resguarda na luz.
Por vezes lutamos por algo, sem saber que com luta não se consegue a paz, pois a paz é justamente o não lutar.
Por vezes a luz é tão forte que nos ofusca a visão, mas com o tempo nos adaptamos na luz, e qualquer sombra é sinal de missão a vista!
Por vezes queremos falar mais do que sentimos, e por vezes sentimos mais do que falamos.
Por vezes nem temos o que falar e nem o que sentir...
Por vezes, às vezes choramos e às vezes sorrimos.
Por vezes chove dias e dias e por vezes o sol brilha intensamente.
Por vezes pensamos demais e por vezes agimos impulsivamente.
Por vezes mentimos e ainda sorrimos.
Por vezes somos sinceros, e as lágrimas escorrem.
Por vezes nada acontece, ou tudo enlouquece!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Rubem Alves (em Curitiba)

Rubem Alves e eu


O que eu poderia dizer de um escritor o qual eu nunca li um livro inteiro se quer? Não vou aqui fazer como a maioria das pessoas fazem em relação ao Paulo Coelho, criticar sem ler, não!

De forma alguma seria capaz de criticar ou elogiar uma obra sem a ter lido inteira, e ler é o que farei com o livro “Desfiz 75 anos” de Rubem Alves, mas posso aqui falar da primeira impressão, afinal, a primeira impressão é a que fica. (Brincadeira, rs). Pude assistir a um bate papo com o Rubem Alves onde pude perceber o lado escritor de sua obra, os fatos reais disfarçados em seus contos, suas verdadeiras impressões do mundo nas linhas de seus livros, suas experiências, seus medos e até sua revelação de não ter a certeza de nada, um ponto em comum que tanto me confortou e que acredito ser natural de um escritor, um poeta. Seu humor dá leveza e realidade aos seus livros, e ele diz apenas que “O importante é pensar e não dá respostas” e ilusão os que pensam que vestibular é o que leva a inteligência, ele até confessou odiar vestibular, concluindo ele diz que a inteligência é igual ao pênis e depois de detalhar o órgão masculino o ridicularizando e o diminuindo, ele diz que se provocado vira um foguete e sai explodindo e vendo o céu, as estrelas, finalizando que a inteligência precisa ser provocada. E a platéia, de com certeza mais de cem pessoas em um pequeno auditório na primeira Bienal do Livro do Paraná, em Curitiba, com pessoas sentadas ao chão, o aplaude sem parar, seu humor é contagiante e por fim na hora de algumas perguntas entre a platéia, que se arrisca em falar depois de uma hora o ouvindo, pois todos parecem estar congelados, anestesiados em reflexão, ele conseguiu! Todos estavam pensando naquele momento, enfim... e as primeiras pessoas que conseguiram soltar a voz, o encheram de elogios, emocionados e emocionando, tamanho amor e gratidão refletida nas palavras de cada uma delas. E eu chego a me envergonhar por não conhecer seus livros, mas não... Ele mesmo diz que conheceu a literatura com seus 40 anos, e que antes lia apenas para fugir de sua realidade, o que não devemos nunca fazer... Por fim, um período para autógrafos, quando eu tive a oportunidade de conversar, tanto sobre Soren Kierkegaard, e seu comentário de ter sido o primeiro filósofo a fazer parte do seu tempo de leitura, estamos então em uma sintonia antes desconhecida, percebi, chego a o pedir perdão, afinal, eu ainda não tinha lido nada dele, e ele respondeu a altura, dizendo que ainda não tinha lido meu livro, me fazendo assim me sentir bem, em tom de igualdade de realidade, seus medos meus medos, suas inspirações, minhas inspirações, a vida, nada além da vida, as experiências refletidas em suas linhas, assim as minhas... Resumindo, mais uma noite especial nesse ano de 2010, anos de perdas, ou melhor, entendimentos e conhecimentos.

Obrigada Rubem Alves pela sua verdade.

Então, desfiz 41 anos...

   

Afinal, nada é por acaso!

domingo, 10 de outubro de 2010

Pés descalços


Pés descalços em folhas secas,
E um silêncio em pensamento...
As folhas se quebram entre os passos,
E um descaso, ou um descanso em pensamento...
E o que se vê além do momento,
É um vento frio e seco espalhando as folhas secas..
Quem será?
Que com seu passo e em silêncio, sereno e ausente,
Passa pisando pelas folhas secas...
Sua roupa branca voando ao vento,
Como se fosse um imenso vestido, um manto?
Deus! Seria Deus?
Zeus?
Meus pensamentos...
Meu momento, meu desejo, meu tormento...
E os pássaros parecem o perceber,
E começam o envolver em seu canto, um encanto, um anjo?
Anjo meu, anjo seu, anjo mau?
Um sábio, um mestre, um mentor, ou um sofredor...
Ou tudo isso, e nada disso?
Um pai, um amigo, um querido, anjo bom?
Que anjo mau e bom, que com seus passos encantam,
Em silêncio ao som dos pássaros que os acompanham,
Voando alto e perto do céu, ao chão...
Anjo, anjo meu, anjo amigo, anjo querido, onde está você?
Anjo lindo, sua luz iluminou todas as folhas que mortas estalavam brindando...
Fazendo dos seus passos um caminho a seguir.
E seu manto branco, como um rastro desenhava entre as folhas,
Sua trilha... que com pedrinhas brancas decorava.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

PAI!

Resolvi hoje falar de um assunto que me calou por estes dias, o falecimento do meu pai em 24 de agosto.
Como ainda não é fácil falar sobre esse assunto, venho aqui agradecer.


Agradeço pela escolha dele em vir para Curitiba e consequentemente veio a ficar sobre meus cuidados, sei que a escolha foi para tentar se salvar, mas pude ao menos o confortar pelo mês que se seguiu...
Agradeço pelas nossas conversas entre hospitais, passeios de ambulâncias, e entre exames, tanta sabedoria, tanta compreensão e amor incondicional...
Agradeço pelas palavras e olhares de carinho, mesmo em desespero, seu olhar soube me dizer mais que as palavras seriam capazes de se expressar...
Agradeço pelo tempo em que estivemos juntos, e entre escaldas pés aromatizados, e calores pelo corpo, o frio ficou despercebido, ficando assim possíveis e confortáveis seus últimos momentos...
Agradeço pelo tempo que Deus me deu para poder sorrir e chorar, sentir e compreender sua despedida...
Agradeço a Deus pelo pai que sempre foi, e ainda é em minha memória...
Meu coração engrandeceu nesses momentos entre ele e eu... 
Obrigada!