segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Rubem Alves (em Curitiba)

Rubem Alves e eu


O que eu poderia dizer de um escritor o qual eu nunca li um livro inteiro se quer? Não vou aqui fazer como a maioria das pessoas fazem em relação ao Paulo Coelho, criticar sem ler, não!

De forma alguma seria capaz de criticar ou elogiar uma obra sem a ter lido inteira, e ler é o que farei com o livro “Desfiz 75 anos” de Rubem Alves, mas posso aqui falar da primeira impressão, afinal, a primeira impressão é a que fica. (Brincadeira, rs). Pude assistir a um bate papo com o Rubem Alves onde pude perceber o lado escritor de sua obra, os fatos reais disfarçados em seus contos, suas verdadeiras impressões do mundo nas linhas de seus livros, suas experiências, seus medos e até sua revelação de não ter a certeza de nada, um ponto em comum que tanto me confortou e que acredito ser natural de um escritor, um poeta. Seu humor dá leveza e realidade aos seus livros, e ele diz apenas que “O importante é pensar e não dá respostas” e ilusão os que pensam que vestibular é o que leva a inteligência, ele até confessou odiar vestibular, concluindo ele diz que a inteligência é igual ao pênis e depois de detalhar o órgão masculino o ridicularizando e o diminuindo, ele diz que se provocado vira um foguete e sai explodindo e vendo o céu, as estrelas, finalizando que a inteligência precisa ser provocada. E a platéia, de com certeza mais de cem pessoas em um pequeno auditório na primeira Bienal do Livro do Paraná, em Curitiba, com pessoas sentadas ao chão, o aplaude sem parar, seu humor é contagiante e por fim na hora de algumas perguntas entre a platéia, que se arrisca em falar depois de uma hora o ouvindo, pois todos parecem estar congelados, anestesiados em reflexão, ele conseguiu! Todos estavam pensando naquele momento, enfim... e as primeiras pessoas que conseguiram soltar a voz, o encheram de elogios, emocionados e emocionando, tamanho amor e gratidão refletida nas palavras de cada uma delas. E eu chego a me envergonhar por não conhecer seus livros, mas não... Ele mesmo diz que conheceu a literatura com seus 40 anos, e que antes lia apenas para fugir de sua realidade, o que não devemos nunca fazer... Por fim, um período para autógrafos, quando eu tive a oportunidade de conversar, tanto sobre Soren Kierkegaard, e seu comentário de ter sido o primeiro filósofo a fazer parte do seu tempo de leitura, estamos então em uma sintonia antes desconhecida, percebi, chego a o pedir perdão, afinal, eu ainda não tinha lido nada dele, e ele respondeu a altura, dizendo que ainda não tinha lido meu livro, me fazendo assim me sentir bem, em tom de igualdade de realidade, seus medos meus medos, suas inspirações, minhas inspirações, a vida, nada além da vida, as experiências refletidas em suas linhas, assim as minhas... Resumindo, mais uma noite especial nesse ano de 2010, anos de perdas, ou melhor, entendimentos e conhecimentos.

Obrigada Rubem Alves pela sua verdade.

Então, desfiz 41 anos...

   

Afinal, nada é por acaso!

2 comentários:

Mary Joe disse...

Que texto lindo, Sonia! Adorei... achei que vc viu o Rubem Alves que sempre encontrei nos livros.

Sabe, ele me conforta e instiga ao mesmo tempo.
Parabéns amiga, pela oportunidade

marinez gentil frada disse...

Texto sobre Rubem Alves claro, objetivo que consegue trazer até o leitor de seu comentário a emoção sentida durante a palestra do velho escritor. Lendo sentimos a emoção sua ao participar de palestra que a todos agradou. Lmbrei-me de frase de G. Rosa e a estou parafraseando "escritores e poetas nunca envelhecem , ficam encantados."