domingo, 1 de junho de 2008

Escrever poeticamente

Escrever poeticamente...

E o que é morrer?
É deixar o corpo, ser livre, voar,
É poder estar, poder sentir,
É viver, é seguir,
Ter o coração como guia,
Deus como amigo
E o que mais importa?
A verdade importa,
Qual minha condição agora?
O que eu devo fazer?
Não há fundamento,
Apenas o amor,
Envergonho-me por amar,
Amar é tolo, é fraco,
Se covarde, foi por proteger,
Se ousado, foi pra encorajar,
Viver só, estar com Deus, ter fé e amar,
Não permitir a hipocrisia,
Não permitir a dor da perda da felicidade,
Não saberia ser feliz,
Não seria grato o bastante,
Não seria digno, merecedor,
Não seria justo sofrer por amor
E, no entanto, sofro,
Sofro sem saber da felicidade,
Sofro por julgar-me e julgo sem perceber,
Vivo o efeito de meus atos,
Vivo as conseqüências de minha enlouqüência,
Vivo minha condição
Ou não vivo nada?


A morte

O cerimonial fúnebre
O enterro do corpo
O cemitério
É como uma fábrica de alimentos,
Empacotamento,
Em um caixão colocamos o corpo,
Organizado, disciplinado,
Como se importasse,
Como se fizesse diferença
Mas, ao enterrar, no fundo
Estamos entregando o corpo
Aos nossos próprios germes,
As nossas próprias pragas
E nos deterioramos pouco a pouco,
Mas não ocupamos que
Transforma em alimento,
É natural,
Assim como é natural a nossa alma
E por que importa o corpo?
Entenda a alma,
Sinta a alma,
É possível, veja seu próprio “eu”
Sem medo,
Seja ousada,
Se tomada por louca?
Saberá que louca é a consciência
De si própria.
Ouse!

Não importa o que os filósofos dizem,
Eles mentem!
Não importa os que os poetas dizem,
Eles mentem!
A ninguém nada importa
A não ser a si mesmo
E não importam em que condições estão,
Se vivos?
De vida, de corpo, de alma, espírito...
Espírito?

Um desespero,
Não tão humano,
Um desespero sem fim,
Uma angústia sem fim,
E até quando?
Se a desejo eternamente,
Se desejo amar eternamente,
Assim deveria ser para todos que amam,
Se amar realmente, é para sempre,
Se me dói, é a condição de amar,
Se me faz sofrer, é o amor das almas,
Se me dói, se me faz sofrer, por que amar?
Por que não deixar de amar?
Por que não sei viver, nem morrer?
Uma visão diferente

É como olhar do alto
Ver o mundo com outra alma
Sentir com outro coração
Pensar com outra mente
Escrever com outra mão
Uma caneta diferente
Um papel diferente
Por um instante me confundo
Não sei de mim
Não sei o ser que se manifesta em mim
Sou corpo, sou alma,
Sou sentimento e pensamento
Sou espírito e vivo
Em busca de uma razão
De uma verdade que justifique
Ousadia?
Pode parecerOrgulho?
Pode ser
Mas se amo, amo pra sempre
E pra sempre vou te amar.

Sônia Vianna Landeo

Um comentário:

marinez gentil frada disse...

Sobre o Amor!
Todo o texto gira em torno de Eros. Eros sustenta o texto e Eros é amor erótico, amor que de um corpo que deseja outro corpo. Amor humano e que transcende no ato da entrega, quando os dois se tornam um . Um corpo/alma que são completos. Instantes supremos da paixão amorosa. Apenas instantes.Lirismo confessional revelando as contradições do amor.