terça-feira, 1 de novembro de 2011

As revistas



Final de inverno, 6 graus registrava o termômetro de rua e na parede da biblioteca de um mosteiro indicava 16 graus promovendo certo conforto possibilitando deixar os músculos relaxarem.
Momentos tensos durante a excursão onde a guia falava em alemão, e uma mulher prestava atenção como quem tenta ler as emoções, já que não sabia alemão, observava as mesas da biblioteca, mesas recém abandonadas, como se os que estavam ali presentes não quisessem ser vistos pelos visitantes da excursão. E ela tentando entender o alemão observa duas revistas deixadas pra trás em cima de uma das mesas...
-Revistas de atualidades... (ela fala baixinho como quem pensa alto)

-Quem será que vivendo dentro de um mosteiro se interessaria por revistas de atualidades? O que interessaria o que acontece lá fora aos que vivem aqui dentro? (Ela se questiona olhando a segunda revista.

-História e cinema! (Ela se surpreende)

-Quem será esse homem? E eu que imaginava que em um mosteiro os homens só cuidavam do jardim, plantavam, colhiam e oravam... Jamais poderia imaginar alguém interessado em revistas de atualidades e muito menos cinema, o que será que ele faz? Eu até entendo que seja alguém interessado no mundo, mas agora, vendo que seu interesse foi despertado pela manchete de um filme de herói, “Os três mosqueteiros” será que ele se imaginava alguém assim, um herói?  Será que ele vive um conflito interior? Será que é feliz? Queria ver seu rosto... Por que vive em um mosteiro?

A guia da excursão a chama para seguirem em frente e conhecer as outras salas do mosteiro, até que são surpreendidos com o som de um tiro, o silêncio e o medo paralisou a todos ainda dentro da biblioteca até que ela segue certa de que o tiro tinha algo em relação ao homem das revistas, ela sabia, e correu de encontro à direção do som do tiro e se depara com um jovem caído no final da escada com uma arma caída ao seu lado. 

Ela se ajoelha ao seu lado e se desculpa.

-Desculpa, eu sei que é você, eu me atrasei, deveria ter vindo antes...

Um homem se aproxima e grita: 

-D'Artagnan!

Um comentário:

Marinez Gentil Frada disse...

Um texto de suspense. Afinal quem era o homem morto? Mistério. O ambiente, um mosteiro, muito próprio para o suspense. Mas....é uma excursão com guia que fala em alemão e a mulher pode então apenas observar.E observando seus pensamentos a levam para questionamento sobre o homem no mosteiro. E , de repente, o tiro. O tiro é a realidade do momento que causa impacto nos que apenas queriam conhecer o local. Narradora conseguiu seu objetivo.