sábado, 3 de maio de 2008

Sobre a dor







Quando eu era pequena e sentia dores nas pernas e por vezes nos braços, minha mãe dizia feliz:
- Parabéns! Você está crescendo!
E conversávamos a respeito dessa dor.
Ela justificava que eram os ossos crescendo e isso doía, era normal.
Bom, não tenho mesmo como negar, as dores são normais; são efeitos de alguma causa, e mesmo sendo efeitos, são causas também, ou melhor, até mesmo os efeitos são causas para outros efeitos.
E assim vamos - como dizia a minha mãe - crescendo.
O efeito de uma dor sempre é o crescimento, porém não necessariamente dos ossos; afinal, não somos apenas matéria.
O que quero dizer com essa historinha de criança é que não há dor sem crescimento, e o mesmo acontece com o espírito.
As dores emocionais sempre nos fazem crescer espiritualmente, mesmo que com ela não consegamos enxergar o crescimento.
Mas isso também não significa que devemos sair por aí batendo com a cabeça só para sentirmos dor, não!
Refiro-me à dor natural, efeito de uma causa que justifique a dor, como uma perda, uma separação, uma reparação... sim, reparação: por vezes sentimos dor ao repararmos um erro - dor do ego, orgulho, o que for e o efeito será certamente o crescimento.
E podemos inclusive dizer também o renascimento, o nascimento, como na dor do parto, por exemplo.
Quais os efeitos da dor do parto?
Inúmeros, tantos e o principal talvez seja o nascimento de outro ser em crescimento; além do renascimento de um ser - a mãe - que renasce de mulher como mãe, um novo ser espiritualmente, e sem dúvida, ambos em crescimento.
E uma alma em crescimento é a claridade a envolvendo, a luz irradiando, e quanto mais luz maior a compreensão e a dor vai diminuindo até que se cesse pela compreensão, pela aceitação, pelo crescimento.
Não estou aqui para dizer que a dor é boa, não é isso, mas também não é ruim. Mas estou aqui para dizer que não há dores sem efeitos, e entendo que o efeito é no mínimo um crescimento espiritual.
Também não estou dizendo que precisamos da dor para crescer, afinal, crescemos também sem sentir dor; um exemplo nítido é nosso cabelo... sentimos dor quando o cabelo cresce? Não, mas ele está crescendo...
Bom, finalizando, não venho aqui para dizer que sempre iremos sofrer, também não é isso.
Mas para dizer que haverá dores em certos momentos e que certamente passarão; e não devemos evitar os sofrimentos por medo do sofrimento, pois desejamos crescer. Ou não?
Bom, o que eu quero dizer é que a dor não é ruim nem boa, porém necessária.
E devemos aprender com ela, ou seja, quando sentimos dores sentimentais, Deus está nos dizendo assim:
- Parabéns! Você está crescendo!

Sônia Vianna Landeo

Um comentário:

marinez gentil frada disse...

Pathos , isto é, passividade. Passividade diante da dor existencial. Não há o que fazer, é vivenciá-la e a dor talvez nos salve da angústia existencial. A angústia a revelar-se na dor e a dor a nos proporcionar compreensão, tolerância e superação.