Eu me vi ao vento... E ao meu lado minha irmã de alma, usávamos vestidos longos, de muitos panos um sobre o outro, soltos, ao vento e cavalgávamos... Ouço o barulho de mais cavalos, o sorriso se quebrou dando lugar ao medo... Corre! Ela grita... E eu tento correr... Ouço um disparo, um tiro a acerta pelas costas, eu paro e me entrego ao homem do cavalo branco... Ele, com sua roupa de fé ocultava o preconceito e o medo do desconhecido... Sua curiosidade era um pecado, seus sentimentos impuros... Sua covardia em suprir seus reais desejos e curiosidade, fez entregar seus receios, seus medos ao poder... E o poder... Reuniu todos os medos e em fogo declarou o fim dos pecados... Pecado maior é o do poder em abusar do poder e matar... Mas seus olhos... Seu olhar direto ao meu... Eu me lembro... Não se torture isso vai passar, em outras palavras, sentimos... E todo medo se transformou em certeza da imortalidade da alma e nos Pirineus ainda sopra o vento entre a luz do sol, luz do fim do dia, entre as árvores a luz da lua... E o infinito se mostrará... Em outra vida... Outro lugar...
Sonhos, visões, certezas e dúvidas, medos, medo e coragem... E novamente o mesmo olhar... Já nem é mais pecado, e um aroma que enfeitiça é o mesmo que cura a alma... E a certeza nem se faz mais necessária, já que a dúvida nem mais existe, e o amor que insiste... Então se escreve... Destacamos nossos melhores e escondemos nossa alma, proteção, cautela, prudência, covardia... Não! Compreensão... Verdade... E o vestido ao vento se queimou... Libertando uma alma aprisionada no tempo, ao preconceito do poder, da religião, do medo... Alma essa em amor e perdão... Ilusão, imaginação, sensação... Recordação... Alma essa livre que voa de encontro ao perigo, ousada, assustada... Vai longe, entra no castelo do poder... O mesmo olhar se apresentou e me fez gelar, me fez tremer e perdoar com um toque forte no aperto de mão, libertando o que restou de medo... Mas a calma da alma me fez sentir em paz e me elevo... E as palavras desconcertadas, perdidas no sorriso, na calma, na paz, em luz...
Delírio no silêncio das almas...
Delírio no silêncio das almas...
2 comentários:
Muito tocante Sônia. Gostei.
Texto que reflete grande sensiblidade e o pensamento e emoção da escritora. Imaginação, emoção e a palavra. Ave palavra que nos possibilita ler este texto!
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